A experiência do Descontrole Remoto começou a se configurar pouco menos de um ano atrás, quando os outros integrantes do Coletivo me informaram da proposta. Desde então, muitos meses se passaram, e, misturadas entre outras atividades do nosso fictício cotidiano, as conversas entre os pólos Natal-Curitiba tornaram o projeto mais claro, mais consistente. As idéias sugiram e foram tomando nossos corpos: Itinerância, lugar, arte, performance.
Nesse processo houveram negociações, surpresas, dúvidas, ansiedades e indecisões. E, principalmente, descobertas.
A chegada do Artista Estrangeiro, aquele que vem de outro estado de coisas, outra cena, outro mundo, faz reverberar inquietações sobre o meu próprio fazer artístico (que está chegando a um ponto de transformação) e me coloca em confronto comigo mesmo e com meu contexto de formas nunca
antes esperadas. O Estrangeiro me contamina com seu olhar, seu deslumbramento, seus olhos não tão cansados de Natal quanto os meus. Seus olhos têm fome do novo. E eu me empanturro do novo ao devorá-lo, sua presença, seu discurso, seu corpo presente.
A cheiro da carne ao visitar a feira do Alecrim, o sol que queima nossos cocorutos nas dunas de
Genipabu, onde andamos com medo entre buggys cheios de turistas (outros estrangeiros, estes com trajetórias definidas. Ou não). A performance que cria laços em seu processo. Amizade, contato. Lembrança. O tempo condensado que fazia parecer que nos conhecíamos há anos. A similaridade e a diferença. Todos essas vivências espremidas no tempo de uma semana.
Rápido, mas suficiente.
Sempre seria suficiente, porque nos dedicamos de coração aberto à experiência.
O prazer da simples alegria, do encontro de parceiros, da convivência compartilhada, se espalha em minha existência, fazendo-se quase uma impressão de totalidade.
Estado de transe de alegria.
Novos laços e laços antigos fortalecidos. Afeto.
Afeto é tudo o que fica.
É tudo o que pode ficar. E isso basta.
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