O processo criativo teve seu início em fevereiro do corrente ano quando fui incentivada a pensar minha própria trajetória na arte no sentido da construção cênica de uma autobiografia. Durante o processo da oficina de Mãe Luiza e o desenvolvimento dos procedimentos de cena utilizados, fui revelando algumas diretrizes artísticas com as quais me identificava, porém estas foram desenvolvidas segundo o olhar de diretora de cena e não enquanto performer.
Nesse sentido a proposta consiste na realização de um estudo prático dos procedimentos realizados nas oficinas do Projeto Chico Vila e dos temas que geradores do trabalho, tais como a construção de manifestos pessoais, a questão do pertencimento a um lugar ou grupo social, bem como a construção de uma cartografia que vai para a cena.
Quando fala-se de pertencimento, deve-se tratar de um espaço ao qual se pertence, pelo qual se é afetado, um lugar (AUGÉ:1994). Minha primeira opção foi o espaço do Departamento de Artes da UFRN, onde estou completando minha graduação num período de quatro anos e meio, e tive contato com questões e referência teóricas que moldaram no decorrer do tempo meu pensamento sobre a arte e sobre mim mesma. Ainda nesta perspectiva, podemos dizer que pertencemos à vários espaços durante nossa vida, dessa forma, não poderia reduzir minha trajetória artística aos anos que passei na graduação, visto que meus primeiros estudos se deram quando ainda nem sabia se a arte me interessaria, em São Paulo.
Em reunião com Dé, responsável pela idealização do espaço cênico e plano de iluminação, fiz uma retomada de todos os espaços que caracterizavam lugares para mim, e a partir destes ele construiu um mapa do espaço cênico. O referido espaço apresenta também um caráter instalacional por reproduzir lembranças como casas de bonecas que eu construía com caixas de sapatos ou mesmo as tendas feitas de lençóis que abrigavam a mim e à alguns dos meus brinquedos preferidos.
Cada espaço caracteriza um estado energético, uma qualidade de movimentação e traz consigo ações características à ele. Foi preciso que eu me permitisse conversar com o espaço e com seus elementos, ao invés que criar as movimentações para compor a partir delas o espaço. Essa inversão de perspectiva, facilitada pela presença de um profissional específico para a criação do espaço, trouxe um desafio aos meus "métodos de criação" aos quais o movimento por si se bastava e o espaço e a palavra estariam em segundo plano.
Dentro dessa perspectiva o trabalho que vem sendo realizado na sala de ensaio consiste nos estudos sobre as Travessias entre os espaços e a organização das ações a partir dos objetos e espaços que acena apresenta. É válido ressaltar que trabalhamos a partir de esboços de cenas, de espaços e de movimentações e que estes sem dúvida estarão eternamente em processo de construção e modificação.
Para saber mais sobre este processo criativo: http://chrystinesilva.blogspot.com/
Chrystine Silva
Nenhum comentário:
Postar um comentário