terça-feira, 13 de dezembro de 2011

#oFECquePropomos

Ontem às 19 horas, aconteceu no TECESOL (sede do Grupo Facetas, Mutretas e Outras Histórias), uma reunião para discutir os pontos mais polêmicos do projeto que cria o FUNDO ESTADUAL DE CULTURA para o nosso Estado. Como já é de praxe, este documento foi imposto verticalmente sem a consulta da sociedade. Na reunião de ontem, foi elaborada uma carta aberta, explicitando os pontos de discordância e o nosso descontentamento com a situação de não abertura de diálogo por parte do governo com os artistas, produtores e agentes culutrais. Segue a seguir a carta gerada pelo encontro de ontem:


Carta de Convite ao diálogo para o #oFECquePropomos

a V. Srª. Governadora Rosalba Ciarlini
a V. Srª. Secretária Extraordinária de Cultura Isaura Rosado
aos Srs. Deputados Estaduais do Rio Grande do Norte

Na última semana os artistas e trabalhadores da Cultura do RN acordaram com a notícia de que encontrava-se na Assembleia Legislativa de nosso estado um projeto de Lei para um Fundo Estadual de Cultura. De início criou-se e pairou no ar uma sensação de que, enfim, teríamos (após anos de espera) dotação orçamentária própria para o financiamento de atividades culturais e com rubrica de 1% do ICMS arrecadado (de acordo com a promessa de campanha de nossa Governadora). Um certo “frisson” ocupou as casas de artistas e produtores, um desejo de ter esse projeto em mãos e de poder confirmar nossas expectativas.
No apagar das luzes das atividades legislativas o projeto de lei chega nas mãos de nossos deputados para ser votado em caráter de urgência, quase que num grito desesperado para salvar mais um ano de políticas públicas para a cultura do RN. Urgente é a situação de nossas políticas culturais e urgente também é o prazo para se aprovar esse Fundo. Mas como diz o ditado “a pressa é inimiga da perfeição”, nesse caso não só pressa, mas também a ausência de diálogo.
Não acreditamos em um plano e um fundo elaborado dentro de gabinetes, sem nenhuma consulta pública, é humanamente impossível que esse projeto de lei venha agradar a determinada classe sem que a mesma seja consultada.
O “frisson” de outrora transformou-se em preocupação, exigiu-se de artistas a capacidade de estudar e entender os processos burocráticos de uma Assembleia Legislativa. Esmiuçamos ponto a ponto do FEC, afim de chegarmos a algum consenso e/ou entender a importância e magnitude deste Fundo para a Cultura do RN.
Não nos vestimos de cães raivosos, não nos vestimos de opositores e nem de radicais extremistas afim de derrubar o Projeto de Lei apresentado pela Governadora Rosalba Ciarlini. Entendemos bem e sem ilusões de que um FEC precisa ser aprovado, mas não do jeito que o encontramos, com grandes distorções orçamentárias, com equívocos nas linguagens artísticas, com um Comitê Gestor antidemocrático e não-paritário e com outros pequenos pontos polêmicos a serem revisados. Mas é nesse apagar de luzes que os artistas e trabalhadores da Cultura se reuniram afim de serem vaga-lumes nessa história presente e que está prestes a tornar-se passado, afim de jogar uma luz sobre esse FEC, lançar sobre ele o nosso olhar, numa tentativa desenfreada de reparar o erro do não-diálogo e abrir desde já essa conversa, e que, nesta etapa final, esse projeto de lei possa ter no mínimo a cara dos artistas de nosso estado. Deixando bem claro que esse não é o FEC que queremos, mas #oFECquePropomos. Onde estão as sugestões do Plano nacional de Cultura em diálogo com o nosso fundo? Pedimos que artistas, produtores e gestores desarmem-se de suas armaduras e suas bazucas para abrirmos esse canal de diálogo, para que ainda em tempo possamos mudar o quadro atual, para que tenhamos em 2012 uma relação saudável e bem sucedida. Reitero que não estamos aqui dispostos a apenas esbravejar conjecturas e argumentos falaciosos, mas sim, dispostos ao diálogo e a conversa, propondo soluções simples e que venham de acordo com o desejo comum de artistas, produtores, trabalhadores da cultura e Gestores de nosso estado.
Em anexo desta carta colocamos a disposição de tod@s #oFECquePropomos e terminamos com algumas reflexões:
  1. Não somos nós, artistas e trabalhadores da Cultura, os principais produtores de Cultura do RN?
  2. O que faz um órgão do estado do RN, criar um fundo onde mais de 65% de seu montante volta-se para os gastos do estado?
  3. O que faz um órgão do estado tomar para si o papel de produtor e ficar com uma porcentagem bem maior do que a disponibilizada para a seleção por meio de editais públicos?
  4. O que pode fazer esse órgão público para, a esta altura das negociações, tentar abrir um canal de diálogo e modificar o documento proposto?
  5. Que garantia temos de que esse projeto de lei venha a ser modificado logo após a regulamentação e aprovação no Congresso Nacional do Plano Nacional de Cultura?

Que a partir deste documento nós possamos caminhar para um diálogo transparente, democrático e que satisfaça o anseio da maioria produtora de cultura do estado do Rio Grande do Norte.

Natal, 12 de Dezembro de 2011
Assinam esta carta:
Yuno Silva – Jornalista
Joanisa Prates Boeira – radialista
Altemir Fogo – Arte educador (Pau e Lata e Bando la Trupe)
Filippo Rodrigo – Artista de Rua (Bando La Trupe)
Hilana Bernardo – Produtora
Daniel Torres – Produtor
Denise Dantas – Produtora
Rodrigo Cruz – Produtor Cultural
Paulo Sarkis – SINDMUSI/RN
Esso Alencar – RPM
Quitéria Kelly – Atriz (Grupo Carmim)
Bruno Coringa – ator (Coletivo Atores à Deriva)
Luiza Borges – ABD/RN
Paula Medeiros – Atriz (Grupo Bololô)
Arlindo Bezerra – ator (Grupo Bololô e Clowns de Shakespeare)
Renata kaiser – Atriz (Clowns de Shakespeare)
Jaão Paulo Firmino – Ator (Coletivo Atores à Deriva)
Marcos da Câmara (Doc) – Ator (Coletivo Atores à Deriva)
Josenilton Tavares – Produtor Cultural
João Viannei – Ator e Artista Plástico
Tiquinha Rodrigues – Grupo Rosa de Pedra
Grimário Farias – Ator/Diretor (Grupo Alegria Alegria)
Rodrigo Bruggemann – Tropa Trupe
Luísa Guedes – Tropa Trupe
Titina Medeiros – Atriz
Felipe Cabral – Coletivo ES3
Alex Cordeiro – Ator (Coletivo Atores à Deriva)
Ivonete Albano – Atriz e Produtora (Carpintaria Teatral)
Ângela Castro – Grupo Rosa de Pedra
Giovanna Araújo – Atriz/Bailarina (Grupo de Teatro Facetas, Mutretas e Outras Histórias)
Rodrigo Bico - Ator (Grupo de Teatro Facetas, Mutretas e Outras Histórias) e Coordenador da Rede Estadual dos Pontos de Cultura
Enio Cavalcante - Ator (Grupo de Teatro Facetas, Mutretas e Outras Histórias)

Em breve, divulgarei os pontos que foram discutidos e as nossas modificações. Façam parte no twitter do movimento #oFECquePropomos!!!!

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