Dia
8
“Há
muitas portas, bate na certa, falo em nome de todos, ARRANCA sempre, a floresta
é amiga quando se entra armado. CAMINHO, CAMNHO, os ossos à mostra. Haydum, um
gozo não me tiras: NADANADA de mim quando me tomares, nem os ossos. Estou novamente
no centro, as paliçadas ao redor, esta casa-parede avança, vai me comprimindo. Porco-Haydum:
tentei”.
(Hilda
Hilst, Último parágrafo do livro Ficções)
Hoje o
dia amanheceu cedo para nós, na ânsia de não perder um minuto sequer deste
último dia na Casa. Já havíamos encerrado os trabalhos no espaço, então
passamos a manhã e um pouco da tarde trabalhando na edição de fotos e vídeos
para uma mostra do material produzido que tínhamos vontade de fazer para Olga,
Jurandy e os demais residentes que nos acompanharam nesta semana.
O material
ficou pronto rapidamente, e nos dedicamos então à tarefa mais prazerosa de
todas, saborear. As conversas na feitura do almoço, o passeio pela área verde,
a companhia dos cães, o deitar na rede da tarde. Visitamos todos os cantos da Casa
novamente, na inocente tentativa de gravar na memória as cores, os cheiros e os
sons deste lugar.
No início
da noite uma visita à Figueira, é engraçado como para nós é lá que mais pulsa a
alma de Hilda, e sempre que nos aproximamos é difícil não imaginar que ela
estava ali sentada nos observando de perto. Uma última visita para agradecer pela
estadia e pelo trabalho, pela oportunidade de fazer nosso este espaço
particular de criação.
Aproveitando
este momento, agradecemos também de todo o coração a Paulo Aureliano da Mata e
Tales Frey, pelo convite amigo para esta experiência. Mais ainda à Jurandy Valença
e Olga Bilenky por tantas coisas que é difícil nomear aqui, pela acolhida
amiga, pelos compartilhamentos de memórias e referências, pelas refeições maravilhosas,
e pelo tempo.
Na Figueira
também fizemos pedidos, incentivados pelas experiências de Olga e Jurandy, mas
o pedido maior que fazemos ao universo é que cada vez mais pessoas percebam o
encantamento desta Casa impregnada pela alma e trabalho de Hilda. E que haja em
seu futuro cada vez mais amor, falemos também das condições financeiras para
que o trabalho destes dois artistas e entusiastas da vida e obra de Hilda
possam seguir cuidando deste patrimônio, que é infinito e imaterial.
Seguimos
para a terra do sol, mas parte de nosso coração fica aqui, na Casa dele.
Casa
do Sol, 19 de Abril de 2014.
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