quinta-feira, 17 de abril de 2014

RESIDÊNCIA NO INSTITUTO HILDA HILST - DIÁRIO DE BORDO



Dia 4

“Em direção a muitas mortes, muitas vidas, meu caminho de agora.”

Acordamos sem sol, a chuva havia se instaurado completamente pela paisagem. Não havia um ponto de azul no céu, tampouco esperanças de que houvesse algum durante o dia. Retornamos às leituras, porém ficamos a postos para aproveitar qualquer momento de luz mais intensa.
Nas leituras, voltamos aos textos sugeridos por Jurandy, especialmente “A Negação da Morte” de Ernest Becker e retomamos também a leitura de Qadós. A partir destes textos nos aproximamos cada vez mais do pensamento de Hilda sobre este Sagrado, pensando sempre numa perspectiva de que só podemos fazer uma interpretação deste pensamento, é impossível saber na verdade o que se passava por esta mente brilhante, embora nos sintamos cada vez mais perto dela nesta casa.
Num resumo de pensamento, posso dizer que Hilda tinha (e tem, visto que sua obra ainda vive e pulsa em nossos pensamentos) uma percepção muito clara desta figura divina que nem é certeza e nem dúvida total, é como se ela questionasse se há de fato algo maior que nos que permeia o mundo e passasse sua vida e sua obra buscando compreender isso.
Sol. Um breve momento antes do entardecer. O vento frio me mantém endurecida, decidimos aproveitar o momento mesmo assim para criar algumas das imagens que idealizamos no corpo de André. Num súbito produzimos muito em pouco tempo, mais seis imagens se criaram: O Sem-Nome, Haydum, Cara Mínima, O Grande Rosto Vivo e, por fim, Ominoso.

Depois nos voltamos à casa, aos livros, embalados pela chuva e pelo anoitecer, amanhã mais um dia desse tempo dilatado de criação.

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