Dia 4
“Em
direção a muitas mortes, muitas vidas, meu caminho de agora.”
Acordamos
sem sol, a chuva havia se instaurado completamente pela paisagem. Não havia um
ponto de azul no céu, tampouco esperanças de que houvesse algum durante o dia. Retornamos
às leituras, porém ficamos a postos para aproveitar qualquer momento de luz mais
intensa.
Nas leituras,
voltamos aos textos sugeridos por Jurandy, especialmente “A Negação da Morte”
de Ernest Becker e retomamos também a leitura de Qadós. A partir destes textos
nos aproximamos cada vez mais do pensamento de Hilda sobre este Sagrado,
pensando sempre numa perspectiva de que só podemos fazer uma interpretação
deste pensamento, é impossível saber na verdade o que se passava por esta mente
brilhante, embora nos sintamos cada vez mais perto dela nesta casa.
Num resumo
de pensamento, posso dizer que Hilda tinha (e tem, visto que sua obra ainda
vive e pulsa em nossos pensamentos) uma percepção muito clara desta figura
divina que nem é certeza e nem dúvida total, é como se ela questionasse se há
de fato algo maior que nos que permeia o mundo e passasse sua vida e sua obra
buscando compreender isso.
Sol. Um
breve momento antes do entardecer. O vento frio me mantém endurecida, decidimos
aproveitar o momento mesmo assim para criar algumas das imagens que idealizamos
no corpo de André. Num súbito produzimos muito em pouco tempo, mais seis
imagens se criaram: O Sem-Nome, Haydum, Cara Mínima, O Grande Rosto Vivo e, por
fim, Ominoso.
Depois
nos voltamos à casa, aos livros, embalados pela chuva e pelo anoitecer, amanhã
mais um dia desse tempo dilatado de criação.
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