quinta-feira, 14 de abril de 2011

PROJETO CHICO VILA EM MÃE LUIZA


Durante minha ainda curta trajetória como performer, uma das experiências mais importantes foi a realização da oficina de Arte da Performance em Mãe Luiza. Cheguei ao bairro em 2009 por intermédio do projeto de extensão da UFRN intitulado “Projeto Chico Vila” e sob a orientação da Prof ª Dr ª Naira Ciotti. Depois de realizado o primeiro contato com a Instituição de ensino que apoiou o projeto, dei início às oficinas que tiveram duração de, aproximadamente, dois anos.
É importante ressaltar que ao realizarmos performances, temos um entendimento específico daquilo que fazemos e, muitas vezes acabamos por não nos interessarmos em construir este entendimento junto àqueles que presenciam o ato performático porém, quando o artista se coloca em sala de aula, é necessário que haja uma convicção não apenas do que diz respeito à parte teórica, mas também, das questões que nos levam à prática. Uma oficina de Arte da Performance, na concepção de desenvolvi no decorrer do processo de ensino-aprendizagem, não deve ensinar o discente como fazer uma performance, mas alimentá-lo com todas as referências e ferramentas necessárias para que ele encontre sua própria arte.
Foram realizados vários procedimentos cênicos que trazem as diretrizes do extrato de cena a ser apresentado aliadas a uma situação a ser experienciada através da apreciação e recriação de obras de performers e outros artistas plásticos tais como: os artistas plásticos Hélio Oiticica e Lygia Clark e seu conceito de intalação desenvolvido através dos “Penetráveis”, a fotógrafa amenricana Diane Arbus e a questão da fotografia enquanto “um segredo sobre um segredo”, Teiching Hsieh, Ana Mendieta e Guillermo Gomez Peña no que concerne à Performance Cultural.
Podemos dizer que as oficinas dividiram-se em dois momentos, no primeiro foram realizados procedimentos para o reconhecimento da linguagem artística, partindo de histórias pessoais e de questões relacionadas à comunidade. Nesse sentido as oficinas desenvolvidas em 2009 resultaram na apresentação de um extrato cênico criado em processo colaborativo no dia 17 de dezembro do referido ano nas dependências do Departamento de Artes da UFRN. No extrato cênico “Somos Imbatíveis, Estamos no Chico Villa ou Jovens do Bairro ou Tô Escolhendo, Calma! Ou Nossos Sentimentos ou não Acredito que Conseguimos”, aos assuntos “de adultos”, explicitados na leitura do manifesto feito pelos participantes, intercalam-se aspectos propostos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, ou mesmo movimentações criadas a partir de sentimentos como saudade, ou gestos criados a partir do manifesto.
Num segundo momento, durante o ano de 2010, as oficinas foram direcionadas para uma interferência mais efetiva no espaço da comunidade através de procedimentos  baseados na série de performances intitulada Silueta realizada pela Performer cubana Ana Mendieta. Propôs-se uma compreensão do espaço da comunidade enquanto conjunto de lugares e não-lugares (AUGÉ: 2004), visto que o lugar se define através de uma identidade do indivíduo com este, aonde reside, trabalha, etc., e o não-Lugar caracteriza-se por uma provizoriedade, um lugar de trânsito, implicando numa não- identidade, como um shopping ou uma sala de espera. Incentivamos uma reflexão acerca das fronteiras entre os lugares e os não-lugares da comunidade para cada um dos participantes, levando em conta que “a fronteira não é o ponto onde algo termina, mas como os gregos reconheceram ‘a fronteira é o ponto a partir do qual algo começa a se fazer presente.’”(GREINER: 2008,p. 108)


Para saber mais sobre as oficinas de 2009: http://www.projetochicovilamaeluiza.blogspot.com/
Para saber mais sobre o Projeto Chico Villa:
http://www.cchla.ufrn.br/humanidades2009/Anais/GT01/1.3.pdf
Chrystine Silva

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